sábado, 23 de novembro de 2019

Chamas Mortais

Nesta narrativa o autor convida o leitor a participar de uma intrincada investigação no estado de Winsconsim nos Estados Unidos. Em uma pequena cidade de madeireiros o mistério, a crueldade humana e o inesperado são panos de fundo para mais esta obra. Colocado o contraditório da justiça feita com as próprias mãos em paralelo com o senso da justiça suprema. Asseguro que este relato se alonga devido ao fato que consideráveis detalhes devem ser por mim descritos enfatizando circunstâncias que até então presumia ser ficcional. Estávamos em julho de 1857, me encontrava a bordo do navio inglês HMS Majestic que durante vinte e três dias atravessou sete mil e duzentas milhas pelo atlântico norte navegando a trinta nós por hora. O majestic pertencente a frota inglesa tinha em torno de seiscentos tripulantes e cento e vinte metros de extensão, era o orgulho de seu capitão sir Willham Devemport. Achava-me em companhia do professor escocês James Grunier, membro da Royal Society de Londres que entre suas realizações havia aperfeiçoado o processo do motor a vapor, motivo da nossa tão longinqua viagem. Nosso destino até a cidade de Stevens Point no condado de Portage, Wisconsim nos Estados Unidos. Lá chegando deveríamos sondar o interesse dos madeireiros da região pelo motor a vapor, visto que este era um território de vasta exploração de madeira. Em meio a nossa jornada uma parada um tanto inusitada nos chamou a atenção, na costa da Irlanda do Norte atracamos, ou pelo menos tentamos atracar no litoral de Port Stewart, um local cercado por rochedos obrigando a tripulação a descarregar em botes o carregamento com fardos de mantimentos e levá-los a remo até a margem. Fatigados pelo balanço permanente da embarcação desembarcamos no vigésimo terceiro dia na Baia de Green Bay, já no estado de Wisconsim. O prefeito Burllei Folett, que também era proprietário do Jornal The Inteligence, o único informativo do local veio recebernos e acompanhou-nos até o Café Marine para um almoço, visto que já era entorno de meio dia. Juntamente com o capitão Devemport e Felipe que apresentou-se como sendo filho o prefeito dentramos ao local e nossa refeição foi, como por toda a viagem, a base de frutos do mar. A partir deste ponto penetravamos em um cenário ainda por mim inexplorado mas por deveras intrigante. Sendo eu, ronista literário do jornal matutino London Gazzete estava sempre a garimpar acontecidos que me fornecessem fundamentos suficientes para um bom artigo. Enquanto adentrávamos ao estaurante ao qual fomos guiados o nosso anfitrião indicou-nos com um aceno de mão a mesa ao qual seriamos servidos. Uma peça bem torneada em madeira clara e sobre ela alguns potes de condimentos para tempero e cinco cadeiras dispostas ao seu redor. Logo ao sentar-me recebi das mão do filho do prefeito um exemplar do The Inteligence com data do dia anterior, nele despontava como manchete principal a morte de um banqueiro de Stevens Point que segundo o jornal o fato vinha acompanhado de um terrível incêndio que teria destruído por completo a casa da vítima. ---O banqueiro era um dos homens influentes entre os madeireiros da região ! Disse Folett e acrescentou enquanto olhava para James. ---Isto poderia atrapalhar um pouco seus negócios,Sr. James. Meu colega de viagem apenas ergueu o olhar para sugerir algum interesse pelo comentário mas nada falou e cotínuou a folhar jornal. Nada mais foi dito sobre este assunto no restante do tempo. Observei que o prefeito usava um suporte de couro onde mantinha cautelosamente apoiado seu braço esquerdo junto ao corpo,e mesmo ele usando longas mangas de ma camisa de fina seda notava-se neste braço cicatrizes semelhantes as provindas de queimaduras. Breve foi nossa parada naquele localpois fomos de imediato encaminhados ao coche que era usado pelo jornal e que nos foi gentilmente cedido para levar-nos emfim,a Stevens Point. Seriamos acompanhados por Felipe, o jovem filho de Folett. Despedimo-nos então do capitão Devemport e do prefeito fazendo os evidos agradecimntos pela tenção e iniciamos nosso trageto que nos levaria a um mundo de crimes e mistério. Meu amigo James estava impaciente pela chegada e revisava minuciosamente sua papelada, fato que lhe era consiederado normal por carregar consigo a longo tempo a síndrome da Ego distonia, transtorno que fazia com que organizasse a mesma coisa por inúmeras vezes repetidamente. Felipe recostou-se a dormir em uma das janelas do nosso transporte. Enquanto eu tentava um colóquio com o cocheiro pois era o que apresentou-se de opção para a próxima hora e meia até nosso destino. ---Meu nome é Flinn. Disse o cocheiro. ---Trabalho com o Sr. Folett desde o começo do jornal e já se vão dez anos. ---Conheceo trageto até acidade de Steves Point muito bem então. Comentei a fim prolongar a conversa. --- Sim, mas só agora estamos distribuindo nosso jornal para lá, não é um local de pessoas boas, nãorespeitam quem não tem posses. Notoriamente o condutor o sr. Flinn já teria ultrapassado a casa dos cinqüenta anos e sua indumentária bastante humilde somando-se ao semblante taciturno indicavam um passado nada afortunado. ---Como disse ao senhor faz dez anos que trabalho no The Inteligence, ajudei seu dono a montar as prensas para rodar a primeira edição do Jornal, tenh muita admoração por ele, mas ee não gosta de opiniões de seus empregads. Disse o velho. ---Três vezes por semana teremos que ir a Stevens Point para entregar-lhes os Jornais, é o que estamos fazendo neste momento. --O Sr. Conhecia o banqueiro que morreu? Indaguei. Apenas uma única palavra foi a resposta. ---Não.! Respondeu o cocheiro. Perguntei sobre o que havia acontecido com o braço de seu patrão. ---A vida se mostra bastante dura com aqueles a quem reserva os maiores feitos. Foi a resposta que,sem sequer olhar a mim recebi do longevo homem. O restante do trajeto foi em silêncio até chegarmos ao hotel Linday House, um indo chalé em madeiras brancas as margens do lago Winebago,era realmente um local atraente. Ao mesmo tempo em que fazíamos nossos registros, Flinn e Felipe descarregavam os fardos do informativo que seria entregue no dia seguinte. Eu e meu colega James pernoitamos em quartos nos fundos do prédio, com a comodidade necessária para uma boa noite de sono. Enquanto Felipe e Flinn permaneceram no estábulo com o coche pois teriam que sair muito cedo para distribuição dos informativos. A noite sentia-me estar no éden, sem marinheiros beberrões a cantar inarmonicamente, os lençóis em um agradável perfume floral e sem o enfadonho balanço da embarcação. Até que quase ao amanhecer vigorosas e insistentes batidas em minha porta fizeram-me levantar de sobressalto. Achava-se parado em minha porta o jovem Felipe com os olhos arregalados e uma expressão de completo espanto. ---Sr. Lawford, houve outra morte e está uma confusão lá fora. Disse ele apressadamente. ---Avise o sr. James James e venham para praça.Dizendo isto saiu quase a correr para a praça que ficava localizada a poucos metros do hotel. Coloquei minhas vestes de um salto pois a curiosidade havia adentrado por completo em minha alma. Já na companhia de James saimos a rua e vimos uma aglomeração de pessoas que segurando tochas falavam todas ao mesmo tempo sem que se pudesse algo entender. Avistamos Felipe e Flinn próximo ao palanque da praça e fomos saciar nossa curiosidade. O xerife com cabelos grisalhos e um vasto bigode pedia calma a multidão desordenadae ordenava que voltassem para suas casas. ---Parece que o médico da cidade, sr. Eliott foi achado morto e sua casa incendiada igual ao que aconteceu com o banqueiro. Disse Felipe. Naquela região todas as construções eram de madeira, fato que deixava propensa a destruição pelo fogo mas as mortes seguidas da mesma maneira, isto já era um tanto quanto incomum. A singularidade dos fatos despertavam em mim uma intensa determinação de saber mais a fundo o que realmente se passava naquela cidade, talvez pelo meu senso investigativo ou talvez por simples prazer de conhecer um pouco mais das capacidades da alma humana e seus imensuráveis artifícios. Bem sei que devemos resguardar nossas opiniões pessoais e sempre trilhar os caminhos da razão porque talvez tenhamos mais curiosidade de saber do que capacidade de entender. Mas minha imaginação já me deixava inquieto sobre os fatos. James estava assustado com os incidentes. ---Lawford, vou retornar a Londres, não sinto-me seguro nem tampouco confiante para ficar nesta cidade. Desistiu dos negócios em Stevens Point pois os dois mortos eram na verdade, entre outras coisas, donos de grande parte do fornecimento de madeira da região. No dia seguinte partiu com Felipe e Flinn para Green Bay enquanto eu permaneci no Linday House por mais algum tempo apesar das insistentes tentativas de James para que eu retornasse com ele. Dois dias após o incêndio fui a paróquia de São Casimir próxima a praça central. Com o transcorrer dos anos percebi que em cidades pequenas os religiosos são uma inesgotável fonte de informação. O bispo Frederich não foi uma exceção e ao saber de meu interesse pelos mistérios que envolviam aquelas mortes conduziu-me até um pequeno cômodo nos fundos da capela que tinha sua construção toda em madeira escura com vitrôs em verde e laranja. Bastou apenas laguns passos para chegar ao local indicado pelo bispo, pois a capela tinha no máximo uns vinte metros em sua extenção. ---Sente-se, disse ele mostrando-me um poltrona ao lado de sua cama. ---Sei o que deseja saber, mas o que esta acontecendo agora pode nada tem a ver com episódios sucedidos no passado, mesmo assim pretendo ajuda-lo. ---O Sr. pode me dizer que episódios são estes ? Perguntei. Enquanto apoiava meus cotovelos nos joelhos para aproximar-me mais do Bispo que já havia sentado em sua cama, observei quando colocou a bíblia sobre seu colo colocando as duas mãos sobre as escrituras sagradas começando seu relato. ---A mais ou menos dez anos havia um fazendeiro polonês de nome Lechinski, ele tinha chegado a estas terras muito antes até mesmo da construção do povoado que hoje é a cidade onde estamos. A medida em que falava ele folheava vagarosamente o livro santo, como se estivesse a procurar algo. E prosseguiu falando. --- Mesmo após o falecimento da esposa, Lechinski continuou a tomar conta das terras com o auxilio de seu único filho e um homem que acredito ser um empregado. Os homens de mais posses do povoado tentaram por inúmeras vezes adquirir suas terras para fazer o cultivo da madeira mas Lechinski que cultivava milho nunca as vendeu. Fazendo uma pequena pausa o bispo Frederich tirou do livro um pedaço de papel já bastante envelhecido e entregou-me. No pequeno rascunho estava sobrescrito o nome Rouths e mais abaixo, quase ilegível , escrito Reserva de Schmeeckle. ---Vá a esta reserva e fale com o velho Rouths. Disse ele levantando-se e mostrando-me a saida do cômodo, ele certamente nada mais tinha a me dizer. Minha curiosidade ficava ainda mais aguçada. ---Os homens que morreram estão entre aqueles que queriam comprar as terras do Lechinski? Perguntei. ---Talvez sim, mas em mais nada posso ajudá-lo ! Terminou ele. Ao sair da capela fiquei tomado por pensamentos desconexos, mesmo que imaginado muitas coisas, o cair do pano , como em uma peça teatral, como um sudário a desvelar o que a crença ainda desacredita. Mas tudo era mera imaginação, sabia que a solução deste enigma passava indubitavelmente por uma visita a Reserva Schmeeckle. Rretornei a cidade e após alugar uma montaria segui meu caminho pela estrada Northbound os dezesseis kilometros que separavam a cidade da distante Reserva onde certamente encontraria Rouths. As margens do caminho numerosos pés de Ipê demasiadamente altos debulhavam flores de cor lilás por todo o trajeto.Era, era um sopro de calmaria e beleza no remanso e solitário caminho. Por alguns instantes entreguei-me a utopia de um universo ideal onde homem e natureza desfrutam da mais completa harmonia. Já quase ao final da tarde alcancei o acesso a reserva e cavalguei um curto caminho até chegar a uma pequena construção de madeira, a descoloração que o tempo impusera na velha casa era extrema. Após descer da montaria aproximei-me cautelosamente da porta que estava quase totalmente aberta, na verdade estava temeroso pois não sabia se seria recebido, ou se este Rouths realmente existia. ---Tem alguém em casa ? É a casa do Sr. Rouths?. Perguntei. Mesmo estando parado a entrada do minúsculo chalé percebi que seu interior era demasiadamente escuro, uma fraca e empalidecida luminosidade vazava pelas frestas das duas únicas janelas da desvalida morada que ainda assim permaneciam veladas. ---Sim...Respondeu uma voz rouca do fundo da casa de uma cômodo só. Uma de minhas dúvidas já tinha sanado, ele existia. ---Meu nome é Rouths,quem neste mundo de Deus esta a procurar-me? Ao pronunciar estas palavras ergueu-se sobre a fraca luz uma figura bastante sombria segurando-se em um ecosto da cadeira onde estava alojado. ---Se ainda não percebeste.Disse ele. ---Sou desprovido da visão e peço que diga-me seu nome e o que deseja. Por instantes o universo converteu-se em silencio mórbido, estava aquele velho refém de um terror sepulcral, uma maré negra, imperscrutável de miséria, a névoa indizível do mundo da escuridão. Aproximei-me e notei que algumas frutas quase apodrecidas estavam sobre uma pequena mesa e o lixo se espalhava por todo o chão da cabana. ---Sr, Rouths, venho como amigo. Respondi. ---Preciso de sua ajuda. Completei. Enquanto falava analisei o soturno local, pouco era o mobiliário e todos encostados nas paredes, os móveis desconfortáveis e bastante desgastados evidenciavam um mundo de privações para o penumbrante morador. ---Se encontrar uma cadeira...Disse ele enquanto tornou a sentar-se. ---acomode-se e diga o que veio fazer aqui. ---Preciso saber se conheceu o Sr. Lechinski ? A fisionomia do velho em nada alterou-se, seus olhos fixos em uma só direção não me permitia perceber o que vociferava sua obscurecida mente naquele momento. ---Por muitos anos esperei que alguém viesse aqui para fazer-me esta pergunta. Disse calmamente. ---Lechinscki era um homem bom, trabalhador, não queria vender suas terras pois queria ficar aqui onde foi enterrada sua esposa. --Ele morreu ? Como foi ?Perguntei. O velho, estático em minha frente respondia com extrema clareza o que lhe era indagado, estávamos no ponto mais intrigante da conversa e ele continuou sua narrativa. ---Com o surgimento do povoado e a chegada das carreteiras, homens malévolos vieram para cá tentaram sem sucesso adquirir as terras do valente polonês por preço bem abaixo do valor, até que em um cinzento dia de inverno dois pistoleiros chegaram a cidade e naquela noite toda fazenda de Lechinscki foi consumida pelo fogo, eu trabalhava na fazenda e foi tentando conter as terríveis chamas que perdi minha visão.
O que houve com Lechinscki e seu filho.? Perguntei E a resposta foi imediata. ---Após aquela horripilante noite, nem o polonês nem seu filho, tampouco os dois pistoleiros foram vistos. Comenta-se que os pistoleiros foram contratados pelos poderosos da cidade e que após incendiarem a fazenda mataram pai e filho e partiram. E os mandantes do crime finalmente tiveram as terras que tanto desejavam. A cada palavra dita pelo homem que a tudo presenciou minha intuição direcionava-me a múltiplas conclusões, era preciso saber mais. ---Quem são estes poderosos que se refere? Interroguei. ---Dois já estão mortos.Respondeu. ---Mas ainda tem dois vivos. Completou. Era quase impossível controlar minha tão grande ansiedade em conhecer os fatos. ---Quem são estes dois? Interpelei. A excessiva calma do homem sem visão mas com uma memória prodigiosa me deixava ainda mais férvido. ---O Xerife Sheldom e o coronel Bentley. Foi a resposta. Nossa conversa durou mais alguns minutos e o solitário homem disse não imaginar quem possa estar eliminando um a um os detentores das terras. Perguntei como sabia das mortes e ele disse que sempre que o bispo levava-lhe alimentos deixava-o a par dos acontecimentos.Com mais ninguém tinha contato. Mesmo sendo eu bastante resistente a sentimentos chocantes,o abandono daquela criatura era algo de desmedida perversidade, uma existência de escuridão e trevas. A miséria humana é tragicamente multiforme, a recordação do passado é invariavelmente a amargura de hoje. Uma fraca e nebulosa lembrança, indefinida mas permanente naquele homem. Estava já a entender o apetite por justiça do misterioso matador noturno e segundo minhas deduções parecia saber também quem poderiam ser as próximas vítimas. Por mais alguns dias estive a indagar pela cidade sobre Lechinscki mas tive a mais nítida sensação que todos desejavam ardentemente esquecer aquele nome ou o mistério que ele representava. Em uma das tácitas noites sentado solitário no contemplativo saguão do hotel,detia-me a observer o pêndulo do pesado relógio pendurado sobre a minúscula lareira, ele oscilava com um som vagaroso, cansativo,enquanto eu tentava colocar meus intricados pensamentos em uma vertente razoável. Já começara a alinhar pensamentos inquietos mas não tinha a cragem de procurar o prefeito ou o xerife pois certamete não seria bem recebido.q uando de súbito uma ideia pavorosa inundou meu coração como uma golfada de sangue escaldante. A morte do Polonês faz dez anos, Folett tem seu jornal em Green Bay também a dez anos. Eu precisa naquele momento organizar meus pensamentos de maneira direta, sucinta e sem especulações. A coincidência é o preceptor da descoberta, Folett tinha aquela cicatriz de queimadura na braço esquerdo, os crimes aconteceram casualmente quando o coche do The Inteligence estava a pernoitar na cidade. Seria Folett na verdade Leminscki, que sobreviveu ao incêndio? Seria Felipe,o filho de Lechinscki e estaria a vingar as atrocidades cometidas contra eles? Mas se isto fosse verdade seria muito lógico e nem sempre o lógico é a resposta certa, sentia que o raciocínio estava paralizado, pétreo sob a cintilância da pequena lanterna que emanava uma suave olência ao abrasar a citronela que a alimentava. Enquanto minhas múltiplas deduções se misturavam em um torvelinho de ideias Felipe e o velho Flinn irromperam na recepção do hotel, era a noite da distribuição dos jornais. Não hesitei em vislumbrar a possibilidade de tudo se esclarecer naquela noite, bastava que para isto minhas suspeitas estivessem exatas e Felipe deveria levar a cabo o seu maquiavélico plano de vingança. Com minha montaria percorri um longo trajeto pela noite a dentro e fiquei a espreitar o furtivo entregador, mas de nada foi proveitoso minha tão longa expectativa e acabei desapotado pelas minhas deduções voltando ao hotel. Permaneci por mais alguns instantes na recepção e preparava-me para recolher-me ao meu aposento quando escutei o titilar dos cascos do cavalos, o coche estava a sair novamente. Como havia feito anteriormente saí embusca de respostase observei ao longe o trajeto do coche, devido a distância que por segurança deveria eu manter não pude certificar-me quem o conduzia, porém depois de algum tempo alguém desceu com o corpo coberto por escura capa e ingressou alguns passos na mata ajoelhando em uma clareira onde a relva era límpida e verdejante. Esperei o estranho condutor partir e imediatamente caminhei até o local que trazia a ele extrema atenção. Um sepulcro era o motivo da noturna visita pequenas flores soltas sobre o túmulo revelavam visitas constantes, nenhuma lápide, apenas uma pequena cruz de madeira feita de forma bem rudimentar. Eu tentava aplacar o nervosismo que me dominava a cada instante, a solução do bárbaro mistério ficava ainda mais intrincada.
Mas o desfecho estava mais próximo do que poderia eu imaginar. O coche retornou a estrada certamente voltando a cidade enquant eu permaneci por alguns minutos a contemplar auqela misera cruz que o invés de ajudar-me a soluciuonar o enigma dixou-me mais confuso. Então seria melhor voltar ao hotel pois nada mais havia para fazer naquele local, ao aproximar-me da praça central já de retorno ao povoado vislumbrei ao longe as luzes da tochas e o alvoroço que o incêndio que estava a acontecer no escritório do xerife trouxera novamente. Não foi necessário acercar-me muito da praça para inteirar-me do acontecido, o xerife Sheldon ficara preso entre as chamas e estava morto. Agora só faltava um. Dando em retorno com minha montaria fui o mais rápido possível até o hotel, desmontei quase a cair do cavalo e surgi como um fantasma a luz das trevas no celeiro do hotel. O coche estava lá como eu previ que estaria e o adorador de sepulturas estava a apear cuidadosamente. Nem todas as minhas deduções estavam erradas. ---Felipe.Gritei. ---preciso falar-lhe. Mesmo com as costa virada a mim pude perceber que algo estava oculto pela capa, em suas mãos enrolado em jornais. O jovem pareceu não me ouvir. ---Quem esta no sepulcro ? porque foi lá ? indaguei. Movido por um impulso de momento fui até ele e puxei-o pelo braço. O meu espanto foi descomunal poi caiu aos meus pés um machado coberto de sangue e envolto em jornais, a cabeça do vingador noturno foi erguendo-se aos poucos e por baixo do capuz da capa o mistério se desvendara quase por completo. ---Sou eu ...Flinn. Falou ele. A tão inusitada descoberta deixara-me calado enquanto Flinn continuou a falar. ---O sr. Lawford se mostra muito esperto mas precisa saber a verdade.Sou irmão de Lechinscki, o túmulo que me viste contemplar é de meu irmão e seu filho, enterrados; juntos, enterrados por mim. Quando os pistoleiros levaram os dois para serem mortos na floresta não perceberam que eu havia ficado escondido no estábulo, então segui-os até o vale mas quando cheguei já estavam mortos. --- Estas cruelmente matando toda esta gente por vingança? perguntei. Enquanto falava, Flinn sentou-se a borda do coche. --- Quando encontrei os dois mortos fiquei apavorado e fugi. Depois de muitos dias cheguei a Green Bay,e fui trabalhar com Folett que estava a montar seu jornal, não havia motivos para lembrar tudo isto até o dia que Felipe pediu para eu o acompanhar nas entregas semanais dos jornais. Aí todo cenário remontou-se em minha mente e não podia ficar prostado frente a estes assassinos. As declarações de Flinn me fizeram rever tudo o que até então havia mensurado em minhas deduções, seria ele um criminoso impiedoso que mutila e queima suas vitimas? Ou seria ele o instrumento usado por Deus para expurgar da terra os infames que reverenciam o mal. Flinn agachou-se e segurou novamente o machado ensangüentado, ergueu-se do coche e falou calmamente. ---Serei enforcado se me entregares então de-me o direito de morrer dignamente. Dizendo isto afastou-se lentamente até a porta lateral do estábulo que situava-se as margens do lago Winebago, do local onde eu o observava paralisado, e me fe testemunhar o irmão de Lechinscki em seu derradeiro momento encostar o seu ensanguentado instrumento de vingança junto ao peito e deixar-se cair de costas nas profundas águas do lago. Ainda confuso com o desfecho o caso, sem saber de Flinn era assssino ou vingador subi até meu aposenos e o restante da noite foi de acentuado estarrecimento, permaneci até o amanhecer em meu quarto sem saber ao certo o que fazer perante tão monstruosa revelação . Mas a resposta estava a bater a minha porta. ---Meu cocheiro parece que exagerou na bebida a noite passada e caiu no lago, esta morto! Disse o Jovem Felipe quando abri  minha porta. --- Preciso que o senhor volte comigo a Green Bay. O meu silêncio suponho ser o mais correto a fazer do que qualquer outra indagação. Na mesma manhã iniciei minha viagem de retorno. <

Sem comentários:

Enviar um comentário

O Homem e seu tempo

Lúcio Aneu Séneca, um dos mais célebres filósofos estoicos do Império Romano, escreveu em sua obra ``A brevidade da vida´´ que o homem de...