sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A Noite da Caça

Ao chegar a porta de saída do Le Grand Café, senti o ar gelado da noite bater-me ao rosto, e uma neblina cobria, como de costume, toda a extensão da Avenida dos Capucines, neblina esta, apenas cortada pelas fracas luzes dos lampiões de rua. Sentia-me agraciado naquela noite, pois através do convite feito a mim pelos irmãos Lumière, tive a inesquecível oportunidade de assistir a uma exibição de seu mais novo invento ,o cinematógrafo, onde podemos reproduzir algo do passado em uma tela, ou pelo menos é assim que me parece. Já me dirigia para a rua principal a procura de um coche que me levaria a minha aquecedora residência, quando notei que do lado oposto da deserta avenida alguém me acenava impacientemente, em meio a fraca iluminação e aos transeuntes que circulavam após o término da exibição, identifiquei meu velho amigo e comissário de polícia de whitechapel ,George Lusk! E o encontro foi de imediato logo que atravessei a St. Mary Street, após um caloroso aperto de mão, perguntei a George oque fazia na área central de Londres, tão distante de sua jurisdição, e a resposta deixou-me aterrorizado. – Estou em busca do assassino de minha noiva. Disse ele, e continuou – Minha noiva Anne Chapman foi morta a noite passada, e não é a primeira mulher a perder a vida nas mãos deste cruel assassino. Sem ter muito o que dizer, e ainda meio chocado com que ouvira do amigo, perguntei se havia pistas. --Nada, ainda Lawford, apenas que se tornou conhecido como ¨O carniceiro¨ e que circula durante a noite a procura de suas vítimas, sempre mulheres. Perguntei se podia ajudar de alguma forma. – Sim. Respondeu ele, e acrescentou.. – estamos reunindo pessoas para ajudar em uma busca, pois perece-nos que ele foi visto nesta área da cidade, e gostaria que fosses conosco. Nada seria mais penoso a mim do que uma caça a um assassino na escura noite londrina, porem ficava eu impossibilitado de negar o pedido, devido as inúmeras ocasiões em que meu velho amigo me tirara de confusões em tabernas, pelo meu gosto desmedido de absinto. E aceitando o estranho convite dirigimo-nos a casa do Sr. Malcon Thonei, homem da alta sociedade parisiense, que dedicava seu tempo viajando pelo mundo em caçadas e expedições, pois tinha uma predileção por animais, desde que estivessem mortos. Após poucos minutos de caminhada em meio a nebulosa Londres, chegamos a casa de Thonei, que em sua frente já demonstrava a riqueza de detalhes, dois bustos altaneiros com a figura de leões, um de cada lado do gigantesco portão, mostrava a admiração do proprietário por animais, e ao chegar, presa a belíssima porta de carvalho, uma aldrava recoberta com o mais puro ouro servia para que através de uma pesada batida anunciassemos nossa chagada. Ao adentrarmos na luxuosa casa, podemos visualizar algumas pessoas sentadas no entorno de uma grande mesa de grossa madeira, com entalhes simbológicos em suas laterais, e sobre a mesa duas lamparinas acesas com seus vidros na cor verde, deixando um sombreado confortante em todo ambiente. Entre os convidados de sir Thonei, pude identificar a linda acompanhante do anfitrião, Srta. Vanessa Vennes, que se dizia possuir conhecimento profundo de magia negra, também presente o Dr. Victor, que tornou-se conhecido por defender a tese da reanimação humana, Sr. Helsing, exímio caçador de criaturas que ainda não cremos realmente existir. Nos foi apresentado o Sr. Stevenson, escritor escocês, que faria o relato descritivo de nossa busca, e o Sr. Volteire, conhecido escritor que norteia seus trabalho a criticas ao clero católico e aos poderes supremos, que estava apenas de visita ao sir Thonei, mas nos faria companhia. Feitas as apresentações, a estranha trupe de aventureiros saíu sem rumo, noite a dentro, buscando alguém que tampouco sabíamos como era fisicamente, tendo como referência apenas a informação que trajava uma capa escura e usava um chapéu tipicamente usado pela nobreza londrina, e que suas atrocidades eram de uma violência descomunal, buscando sempre o sexo feminino e usando um instrumento afiado para retalhar suas vítimas. Em certo momento, ao me ver aprofundado em pensamentos, que devo confessar nada tinham a ver com aquele momento, o Sr. Volteire, colocando calmamente sua mão sobre meu ombro esquerdo, disse-me: – Uma coletânea de pensamentos, meu nobre amigo, é uma farmácia moral, onde se encontram remédios para todos os males. Creio que esta frase seja o único proveito por mim tirado da infrutífera e congelante busca, pois além de não ter a menor ideia de onde o Carniceiro estaria, ainda ficou muito claro a todos que somos deveras indesejados nas ruelas e locais obscuros da cidade. Ao retornarmos, apressei-me nas despedidas, depois de uma noite fatídica onde perambulamos como insanos por becos e vielas, os primeiros raios de sol já apontavam por sobre as altaneiras chaminés das fábricas, estava por demais ansioso para chegar em meus aposentos e jogar-me em minha cama para um merecido descanso. Ainda estava por concluir a leitura do conto que me foi passado as mãos pelo amigo John Shelter,escritor e filósofo, referia-se ao esboço feito por sua filha Mary Shelter, uma linda jovem de apenas dezenove anos,que queria seguir a linhagem de escritores da família. Seu conto era um tanto irracional, e de um terror quase indescritível, não saberia eu dizer como uma mente tão nova e cheia de vida poderia estar tomada por inspirações tão sombrias, traduzindo através das palavras um exacerbado, ou até então somente desejado, conhecimento do desconhecido, misturando tragicamente a ousadia com o interesse pelo mundo que esta além de nossa compreensão. Como é possível que doces mãos tão pequenas possam transcrever em detalhes, experiências tão terríveis e aterradoras, que incluíam entre outras barbáries, trazer a vida quem dela já se foi. Como também de forma alguma consigo concluir o motivo pelo qual a bela jovem intitulou seu livro com o nome de um tradicional médico Londrino: Frankestein

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