quarta-feira, 12 de julho de 2023

Solidão x multidão

Eu creio ser terrível passar uma vida em total solidão, mas certamente se tornaria da mesma forma insuportável estar permanentemente em meio a multidão. Seria apropriado ter a medida certa para cada circunstância em nossa vida. E sabemos que em uma, como em outra situação, haverão momentos felizes e outros nem tanto. Por isto algumas pessoas ficam apreensivas mesmo quando estão passando por ocasiões que lhe tragam a sensação de felicidade. E esta inquietude origina-se na certeza de que a felicidade, assim com a tristeza, são passageiras, sobrevivem de momentos que depois de algum tempo chegam ao fim. Parece-me de fundamental importância compreendermos que a felicidade não é constante, mas também não é distante. Devemos identificar oque deixa-nos felizes quando estamos sós ou acompanhados e buscá-lo com determinação. É de primordial importância identificar aquilo que nos faz bem, quais os eventos que poderão deixar-nos motivados, qual a companhia que deixaria nos confortáveis por estar ao nosso lado. Precisamos avaliar sempre como estamos agindo, para que nossa existência não se torne uma eterna busca por um bem-estar que não está onde pensamos encontrá-lo, a insistência em atitudes sem sentido poderia jogar-nos um loop infinito. Não podemos ter medo de mudar nossos rumos, nossas preferências e nossas opiniões, pois tanto na solidão quanto na multidão devemos ser verdadeiros, com os outros e principalmente com nós mesmos. Jean-Paul Charles Aymar Sartre – (1905/1980) escritor e filósofo francês, dizia que é o medo que sentimos que assumir nossa liberdade, de fazer oque gostamos, de dizer oque pensamos, que faz algumas pessoas passarem suas vidas infelizes. Entre as muitas fazes pelas quais passamos desde o dia do nosso nascimento até o dia de nossa morte, existem aquelas em que um pequeno e simples facho de luz mostra-nos mais que o magnífico brilho dos holofotes. É quando percebemos o valor do que é genuíno. O simples não é comum, não é corriqueiro, não é o insignificante. O simples é aquilo que transmite alegria, que nos deixa feliz na sua simplicidade. É aquilo que não precisa de retoque para ser bom. Mas para reconhecer este facho de luz necessitamos saber exatamente quem somos. No mito de Édipo a esfinge de tébass desafiava dizendo: ´´Decifra-me ou devoro-te``. Ou seja, se não conhece a ti mesmo não poderá enfrenta-me e serás devorado. Mas quando Sófocles (406/496 AC) escreveu a peça ``Rei Édipo´´ certamente não se referia a morte como um simples ato terminal de uma vida humana, mas sim as inúmeras perturbações de consciência que o homem passa desde os primórdios do mundo para encontrar seu verdadeiro ``EU´´, esteja ele completamente solitário ou mergulhado em uma multidão. Sozinhos ou rodeados de pessoas, a crueldade da esfinge não vem de fora, mas sim de dentro de nós, o sentimento devastador de insegurança por conhecermos mas não admitirmos nossas fraquezas.

O Homem e seu tempo

Lúcio Aneu Séneca, um dos mais célebres filósofos estoicos do Império Romano, escreveu em sua obra ``A brevidade da vida´´ que o homem de...