segunda-feira, 23 de março de 2020

O Monge - Mistérios de Um Mosteiro

O Relato que faço agora aos leitores, refere-se a um episódio do século passado, mas que só agora através de registros por mim encontrados indicam uma ligação sobre-humana entre o céu e a terra. A data era dezesseis de abril de 1890, durante uma expedição de pesquisa geológica nas ruínas da Abadia de Santa Maria, na cidade de York, Inglaterra, encontramos protegidas por uma imensa porta de ferro em um minúsculo aposento algumas escrituras do Monge beneditino Pietro de Santini datadas de1825. Abadia de Santa Maria ficava ao norte de York no condado de North Yorkshire localizado no cume da montanha Whitbey. Era uma abadia beneditina originalmente fundada em 1055 em dedicação a Santo Olavo. Foi refundada em 1088 por Stephen Abbot e um grupo de monges da cidade de Golrfalk por ordem do magnata anglo-bretão Alan Rufos, que lançou a primeira pedra da igreja normanda naquele ano. 1881 houve uma movimentação do solo rochoso da montanha causando o desmoronamento de parte da Abadia, fato este que obrigou os monges a abandonarem o local. Ordem de São Bento Ordem Beneditina (Ordo Sancti Benedicti) é uma ordem religiosa católica de clausura monástica que se baseia na observância dos preceitos destinados a regular a convivência social. É considerada como a iniciadora do chamado movimento monacal. Uma majestosa construção de pedras mostrava a importância da religião católica naquelas terras. Uma pequena escadaria também de pedras levava ao vilarejo que ficava ao pé da montanha. Escadarias internas e gigantescas portas conduziam a inúmeras alas dos sete andares do mosteiro. No sétimo e último andar encontrava-se a biblioteca, o local mais frequentado pelos monges. Grossas portas em madeira, com fechaduras no estilo medieval, com chaves de tamanhos desproporcionais serviam como guardiões de segredos enclausurados em áreas reservadas somente aos Bispos. O Monge Pietro de Santini tinha 62 anos,nascido em Roma e acolhido na abadia de santa Maria aos 17 anos após a morte de seus pais, que quando em viajem a Inglaterra tiveram sua caravana atacada por saqueadores. Desde então dedicou sua vida a religiosidade e ajuda aos necessitados. São as escritas do monge Pietro de Santini, palavra por palavra, que passo a transcrever agora: Havia na abadia um local para acolhimento de pessoas enfermas, era um dispensário que não dava acesso ao interior do mosteiro, apenas uma porta de ferro permitia o ingresso a outras alas mas estava permanentemente chaveada pelo irmão Natanael, responsável pelo local. Ali os doentes comiam, dormiam e tinham orientação religiosa e medicamentos. E foi neste local de ajuda e devoção que os fatos que relato agora aconteceram, tornando ainda mais surpreendente os desígnios do Criador. Estava uma noite chuvosa de inverno de 1825 quando o irmão Natanael encontrou caída na parte externa da porta do acolhimento uma jovem, certamente do vilarejo de Golrfalk,que ficava ao pé da montanha do mosteiro, a mulher implorava por ajuda pois seu bebê estava por nascer. Imediatamente Natanael chamou-me para ajudá-lo colocamos a gestante em uma dos leitos do acolhimento e providenciamos alimentos e roupas secas pois pela aparência da jovem deveria ter passado quase toda noite ao relento. Tinha ela uma expressão de medo, e um aspecto de extrema pobreza. Foi visível a mudança de fisionomia ao entrar na Abadia, era como se o poder divino lhe causasse um abrandamento de espírito, uma sensação de paz a fez deitar-se e acalmar-se. Natanael não mostrava nenhum nervosismo, confiávamos nas bênçãos do senhor para trazer ao mundo aquela criança,e foi o que foi feito. – Qual seu nome? Perguntei a jovem. ---Ana...Ana Lectus ! Sou de Golrfalk. Respondeu ela. Antes de qualquer outra indagação um sopro de vida trouxe o bebê as mãos de Natanael. – Santo Deus..! A exclamação do monge chamou-nos a atenção. – Deixe-me ver meu filho...Disse a jovem mãe. Ao erguer entre as mãos com o recém-nascido em nossa direção, o espanto misturado com uma enorme aflição tomou conta de mim, trouxemos ao mundo um menino, uma deformidade no crânio fazia com que sua cabeça tivesse um tamanho extremamente desproporcional e seus braços eram mais curtos que os membros de um bebê normal, seus pés e mãos tinham seis dedos, um dedo a mais. – Eu não posso crer...é castigo de Deus! Gritou Ana. Após recuperados do estarrecimento do acontecido comunicamos ao Prelado Tollins responsável pelo mosteiro que deveria aconselhar-nos sobre o que deveria ser feito. ---Devemos ficar com esta criança na Abadia. Lá fora ela seria chamada de filho do demônio e certamente teria pouco tempo de vida. As palavras do Prelado estavam exatamente de acordo com meu pensamento. Fora da Abadia este pobre inocente que não pediu para vir ao mundo seria massacrado e chamado de aberração pelos aldeões. Durante quatro meses assim foi feito e aquela minúscula e estranha figura era amamentado pela mãe. Ana nada falava, apenas tratava seu bebê que batizou como Hector, tratando-o como se nada de diferente nele tivesse. Com o crescimento da criança pode-se observar uma formação óssea em suas costas, embaixo a cada ombro haviam pontas agudas por debaixo da pele, e cicatrizes como se algo fosse dali retirado. Como poderia um recém nascido ter cicatrizes pelo corpo,tudo naquela criança era um grande mistério. Nossas atenções, que até então eram quase que somente ara a craça e sua mãe converteram-se posteriormenet para achegada do monge Gabriel Missus, um jovem de vinte e cinco anos de origem germânica enviado direto pelo cardeal Dom Elásio. Deveria permanecer na Abadia por alguns dias e depois conduziria nosso Prelado Tollins a sua nova missão no condado de Glocestershire. Imediatamente após saber do menino Hector, Missus se interessou pelo caso devido o seu conhecimento como esculápio passando assim boa parte de seus dias a conversar com Ana e a examinar o bebê. Atenção esta que era vista pelos monges como uma demonstrarão que algo li estava muito errado. Já era bastante tarde, creio que perto de onze horas da noite, em meus aposentos fazia minhas orações quando o irmão Missus bateu a minha porta. ---O prelado deseja nossa presença em sua sala e pediu que seja sem demora. Pela fisionomia de preocupação de Missus somente algo de extrema urgência tiraria um monge de seus aposentos na hora de sua comunhão com Deus. Após ajoelhar-me ao lado de minha cama, pedindo licença ao Senhor nosso Deus pois iria interromper minha leitura religiosa,e fui ao encontro do que já imaginara ser de muita gravidade. Estaria por começar naquele momento algo que mudaria para sempre aquele local de devoção. A sala do Prelado ficava no sétimo andar ao lado da biblioteca, eu teria apenas que subir alguns degraus para alcançar o corredor que me levaria a conversa que entendia ser de severa importância pelo adiantado da hora. Ao percorrer o gelado e sombrio corredor do último andar da Abadia já foi possível ver pela porta aberta a luz que vinha sala de Tollins. Detive-me ante a porta, mas Tollins com um aceno de mão consentiu minha entrada. O gabinete era grande e tinha as paredes repletas de estantes, livros de toda parte do mundo cobriam a velha pintura já desbotada, Tollins estava sentado em uma poltrona ao lado de sua escrivaninha, próximo a janela estava Natanael, de costas para sala parecia ter os olhos no infinito como a procurar algo na noite escura, ao lado da porta estava Missus, que a trancou imediatamente após minha entrada. Natanael transpirava mostrando um pavor excessivo, se é que existe medida para o pavor, estava a falar como se estivesse a delirar,dizia que o demônio estava entre nós, na figura daquele menino e de sua mãe, que todos morreríamos. O monge que até então eu conhecia como um religioso absorto na palavra de nosso mestre demonstrava uma quase insanidade ou esteia ao referir-se ao que ele chamava de escolhida pelo mal. ---A mulher...Ana Lectus...Lectus em latim significa escolhida, esta mulher foi a escolhida para dar a luz ao filho de Lúcifer. Apos proferir estas palavras em um tom quase beirando o desespero caminhou em direção a janela da sala do gabinete onde nos encontrávamos, virando-se em nossa direção, colocou as duas mãos ao peito onde levava pendurado um grande crucifixo de prata. ---Não sei como detê-los. E jogou-se em seguida para morte sobre os rochedos cobertos pela neblina da noite. Rapidamente corremos todos ao beiral da janela, todos menos Missus, que permaneceu imóvel ao lado da porta. Ao perceber que sua reação nos causou> estranheza,comentou. ---Irmãos, sei que o momento é de sofrimento pela morte de Natanael, mas suas palavras não são totalmente sem sentido. ---m as que estás dizendo Missus. Perguntou Tollins O comentário de Missus causou ainda mais incredulidade naquela inusitada situação. Missus compreendeu a confusão de pensamentos que havia naquele local ---Vou relembrar alguns fatos que talvez os irmão os tenham esquecido, fatos estes que estão nas escrituras sagradas, as quais me dedico fervorosamente a estudar a alguns anos. Aproximou-se da mesa tirando assim por instantes, nossa atenção do acontecido ao irmão Natanael. --- Deus permite a um anjo descer a terra. Disse ele e continuou. ---O enviado desce do céu e tem filhos com uma mulher mortal, seus filhos são os nefilins,anjos caídos, eles tem almas de anjo mas não são predestinados a serem anjos. Porem seus filhos nascem como aberrações, deformações faciais, anomalias nas mãos e pés,surgem nas costas uma formação óssea como se tivessem asas. Aos olhos das pessoas normais seriam considerados monstros. a ---Este é o caso do menino Hector? indaguei ainda que meio confuso. ---Sim, e estou aqui para salvar sua pobre alma! Dizendo isto o jovem Missus abriu a porta e seguiu rapidamente em direção ao dispensário onde estavam a mãe e o menino seguido por mim e por Tollins. Os sete andares foram percorridos com extrema rapidez e enquanto descíamos tentei lembrar de qual escritura havia Missus feito referência, mesmo com minha idade já avançada tornou-se viva em minha memória o texto da sagrada escritura que diz: *Deus mandou então o Serafim, anjo de seis asas,que significa mensageiro,(missus,em latin)e ele tem quatro faces:um homem, um leão, uma águia, e um touro, e deve encontrar os anjos caídos, nefilins, exorcizar e devolver sua alma ao céu antes que o diabo as tomasse para si. Após feito isto o serafim morre ardendo em chamas,em sacrifício pelas almas dos nefilins, purificando seus espíritos. Os nefilins são afligidos pelo brilho de sua aparição, olhar para um serafim em toda a sua glória é entregar a alma ao céu, momento único na existência humana e certamente reservado para poucos. Enquanto descíamos as escadarias da Abadia percebi a missão de Missus, ele era o enviado para salvar a alma daquele menino, era o homem usado por Deus para fazer sua misericórdia naquela santa casa.. O esforço da decida foi demasiado para o Prelado Tollins que ficou em meio ao caminho quando o ar começou a faltar-lhe, sendo assim eu e Missus adentramos ao local onde Ana segura seu filho Hector nos braços, sentada sobre uma cama do dispensário. O jovem monge aproximou-se lentamente do dois. ---Ana, seu sofrimento e de seu filho hoje vai acabar. O senhor nosso Deus tem um local reservado para suas almas,onde a paz e a luz são infinitas. Dizendo isto Missus posicionou-se em pé ao lado da cama e colocou suas mãos sobre os ombros de Ana, com os olhos fechados ergueu sua cabeça para trás como se a invocar um poder ainda por mim desconhecido. ---Saia agora irmão Santini. Disse ele em voz alta. As palavras de Missus de nada adiantaram, permaneci imóvel, perplexo pela cena que estava a presenciar, era o obra do senhor nosso Deus se realizando em frene a meus olhos. ---Senhor, minha missão esta completa, devolvo a ti estas humildes almas. Com estas palavras iniciou-se algo que jamais esquecerei, ao redor do Missus e da mulher com seu filho uma imensa luz começou a brilhar, tão intensa que tinha dificuldade de enxergar quem nela esta envolto. A luz foi aos poucos transformando-se em chamas, e por mais inconcebível que possa parecer, nenhum gemido foi percebido. Enquanto o fogo consumia silenciosamente aquelas pessoas, enquanto o Serafim Missus levava suas almas ao reino do céu,o calor, que tornou-se intenso me tirava para sempre a dádiva da visão. Hoje faço este relato com minhas lembranças, enquanto o irmão Tollins, ao lado de meu leito de morte registra por escrito. Para que um dia sejam estes inacreditáveis fatos uma prova dos desígnios de Deus. Isaías Cap-6 V: 1 e 2: No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor assentado e num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo. A cima dele estavam serafins; cada um deles tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e com duas voavam.

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