Uma janela umedecida pela fina
chuva de inverno,por onde observo a deserta rua,é minha única companhia nesta
fria madrugada de inverno.Ao meu redor,muitos livros,papeis espalhados sobre
uma mesa,como se o vento,descuidado, os tivesse ali espalhado.
Minha
consciência,teimosa que é,insiste em fazer-me voltar ,mesmo que por breves
instantes,a impiedosa realidade que bate a minha porta todos os dias.Um
silêncio tirânico se faz presente,é algo que te abraça,te envolve,mas ao mesmo
tempo te faz sentir uma imensa agonia,uma sensação de proteção,mas que te deixa
totalmente indefeso.Não tenho medo da morte,mas seria desumano,estar sozinho
quando ela chegar.
Busco sem
sucesso,uma inspiração para escrever,não consigo em nada pensar,e isto é a mais
aterrorizante sensação,pois deixa-me a mercê de minha própria mente,e
certamente ela pode criar os mais terríveis horrores que possa
imaginar.Entregue as mais inconcebíveis inquietações humanas.Atormentado pela
mais básica das emoções ,o medo.
Creio que é preciso
mergulhar em sua própria lama,para conhecermos os medos que nos aterrorizam por
toda vida.Se perdermos nossas vaidades,nossas ilusões,vamos ver quem realmente
somos. Bem sei,que desperdiçar a vida com coisas sem sentido,sem uma plausível
razão para continuar, seguramente, é um pecado.
Minha tão
protetora janela.Tudo que está fora do nosso mundo parece-nos estranho e
perigoso.Talvez a solidão da rua,em sua imensidão,seja menos desoladora.A
intenção pode ser boa,mas parece vazia e inútil,pois esta destituída de
qualquer emoção.
Apenas uma
certeza existe,é este sentimento que aos poucos vai consumindo-me,a
infelicidade. que vem e vai, como uma sombra.
Um suspiro
profundo ,lamentoso.
Talvez esteja
eu, morrendo!
Uma curta e
devastadora frase,que ninguém deveria dizer,e que ninguém deveria ouvir.
Mas existe uma
consciência de mortalidade na vida de cada autor.
Criativo,talvez
um tanto louco,mas imensamente triste.