terça-feira, 23 de julho de 2013

Pensamento Vazio

Sobre a pesada mesa de carvalho descansa uma folha de papel em branco, sentado inquietamente seguro a pena e levo-a até o tinteiro, umedecendo na grossa tinta azul-escuro. Tenho a intenção fervorosa de colocar nesta folha, os sentimentos mais profundos que minha alma puder transmitir neste momento, observo com certa paciência, que a pena ao ser levada sobre o papel, se permite gotejar a escura tinta sobre a lividez ternurante da folha, que aguarda para relatar minha imaginação. Colocando um dos braços sobre a pomposa mesa, que o tempo levou-lhe o brilho, mas deixou-lhe a robustez, coloco minha face sobre a palma da mão, buscando quem sabe lampejos de memórias quase já esquecidas, para saciar em parte esta angustia, este desalento que invade meu peito, talvez se a imaginação permitir, eu consiga um alento a esta efêmera solidão que domina por completo toda esta casa, todos os meus dias. Um pequeno relógio de pêndulo, colocado na parede, sobre a lareira, parece mostrar que apesar das avançadas horas da noite, naquela tórrida sala, o tempo parou, como se negando a acompanhar o infortúnio de uma alma quase perdida. Uma pequena lâmpada colocada sobre a mesa, tenta, porém sem sucesso, com sua branda luminosidade, apascentar o sentimento de desespero que me domina, por nada ter a escrever, seu fraco brilho ameniza nas sombras o tremor, que já a algum tempo, se apossa de minhas mãos. Ao meu redor uma casa vazia, sobre a mesa uma folha de papel em branco, dentro de mim uma alma fúnebre, imersa em uma sufocante névoa de abandono. Como transferir para a ponta da pena, que pinga pausadamente ferindo a candura do papel, algum sentimento, seja ele qual for? Como transformar em palavras o sentimento de coisa alguma?

O Homem e seu tempo

Lúcio Aneu Séneca, um dos mais célebres filósofos estoicos do Império Romano, escreveu em sua obra ``A brevidade da vida´´ que o homem de...