Em alguns
momentos sinto-me longe, muito longe, muito distante do local onde fisicamente
estou.
Navego então em
um rio sem nome, que corre na escuridão. Tem suas águas um breu arrepiante que
causa calafrios em meu corpo.
Quando lá estou
parece-me que inconscientemente fico alheio a qualquer pensamento,sentindo
apenas a neblina e o silêncio.
Minha respiração
fica mais profunda,e consigo sentir o nada que esta a minha volta.
Encontro-me em
uma pequena canoa, que navega sem Remos, mas perece saber para onde esta indo.
Neste delírio
surge a vontade de fazer iluminar-se sobre a luz da razão.Uma busca para
encontrar um motivo lógico para tudo aquilo.Não sei,ao certo,se isto seria de
algum proveito naquele cenário.Manter nossas atenções no que é lógico não torna
as outras coisas menos reais.
Pelo caminho vou
deixando cair ao fundo do negro rio, minha pesada carga,minhas futilidades,
minhas desumanidades,minha arrogância.
Sinto-me em um
mundo de trevas,temos uma tendência a acreditar naquilo que tememos.Os
tormentos da obscuridade,da dúvida,que vacilam de um lado para o outro.
Parece-me que
quanto mais carga despejo neste Horrendo rio, mais rápido a canoa segue seu
curso.
É um fenômeno da
nossa consciência,e portanto não lhe é atribuído sequer um único axioma de
objetividade.Por mais que fujamos do nosso destino,ele sempre estará a
esperar-nos logo a frente.
Somos seres
primitivos,dominados pelo medo e pelo terror obscuro que não conseguimos
controlar.A ansiedade mortal de não saber o que está por vir,pois a natureza
nunca perdoa.
Cruzar o limiar
entre o real e o imaginário pode ser muito perigoso,quando conseguimos
distinguir a diferença entre sonhos e pesadelos,pode ser tarde demais.Nosso
pior pesadelo é aquele que se torna real.
sentimo-nos
invadidos por um incontrolável desejo de saber mais sobre aquilo que vagamente
entendemos,mas é sempre bom tomar cuidado com o que desejamos,pois este desejo
pode tornar-se realidade.
Se a alma navega
solta em um mar desconhecido e perigoso,melhor será deixá-la guiar-se
sozinha,pois talvez só ela conheça o caminho para chegar mais leve e tranqüila
a um porto de luz.